Série para terapeutas
Você que é coach, terapeuta ou psicólogo já se pegou contando uma história para seu cliente a fim de transmitir-lhe algum tipo de orientação?Ou já teve a experiência de ouvir histórias que, aparentemente não tem relação com o cliente, mas percebe que no fundo ele está tentando dizer alguma coisa que não é capaz de falar de uma forma direta?
Esse fenômeno é a metáfora.
E o que é exatamente uma metáfora?
É uma forma de dizer alguma coisa usando um outro modelo de mundo paralelo ao problema real e, assim, não ter que enfrentar eventuais constrangimentos que a nossa razão impõe ao julgar as palavras que são ditas ou ouvidas.
A metáfora é uma forma muito eficiente de driblar o racional e acessar informações que estão na camada inconsciente da mente e que muitas vezes não pode ser traduzida em palavras do mundo real, então, uma historinha é a melhor forma de ilustrar essas informações, sejam elas sobre fatos,sentimentos, traumas, ou até esperanças.
Aprender a escutar as metáforas trazidas pelo cliente para dentro do consultório amplia em muito o potencial de qualquer área da terapia,como também pode ampliar as possibilidades de comunicação em outras áreas, como no coach, na administração e na educação.
Não foi por acaso que Jesus optou por ensinar seus discípulos através de parábolas (metáforas). Assim, ele podia usa uma linguagem que seria interpretada de acordo com o nível de preparo espiritual de cada um: aqueles que estavam mais adiantados tinham uma percepção mais espiritual, enquanto outros poderiam ter uma percepção mais pragmática. De qualquer forma, o conhecimento podia ser passado sem entrar em conflito com possíveis crenças já incorporadas por cada indivíduo.
Dentro do set terapêutico podemos usar uma abordagem parecida: em vez de dizer que o cliente precisa tomar uma atitude, uma decisão ou mudar um comportamento, o que pode ser barrado pelas aparentes (porém poderosas) limitações reconhecidas racionalmente pelo cliente, pode-se usar de uma história que seja isomorfa, ou seja, paralela ao problema e, nessa história,apresentar possíveis soluções, ideias, alternativas, novos comportamentos,novos significados.
O importante do uso de metáforas é que o terapeuta permita que o cliente faça a sua própria interpretação da história e absorva seu conteúdo naturalmente. Um erro que se comete a usar metáforas é tentar explicar ao cliente o que a história quer dizer. É essencial que o cliente tenha seu próprio tempo de maturação, para que seu subconsciente faça as ligações e obtenha os insights de forma completamente natural e no tempo dele, não no tempo de terapeuta.
Outra dica valiosa é se atentar ao universo do cliente, ou seja, uma pessoa que passou a vida toda no campo pode ter dificuldades de entender “a moral da história” de uma metáfora sobre mar ou sobre desertos. Então, a escuta terapêutica também faz parte do processo de se encontrar metáforas adequadas para orientar seu cliente.
Basicamente a arte de poder criar uma metáfora consistente com eficiência terapêutica está nos ouvidos do terapeuta e não em sua boca. O cliente sempre dará as dicas sobre o “idioma” que seu subconsciente comunica e o terapeuta deve aprender a ser poliglota ao conversar metaforicamente com seu cliente.
Um abraço no coração!
Namastê!
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