PNL

A Unidade Corpo-Mente

Posted by Cláudio Araújo

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Uma criança começa a chorar desesperadamente por causa de um motivo qualquer que talvez só ela mesmo entenda. O avô, cheio da sabedoria acumulada em seus anos de vida, olha para a criança e num ato inesperado ordena para ela: “Olha o avião!”. A criança toma um susto, olha para cima a procura do tal avião e para de chorar como num passe de mágica. O que está acontecendo aqui? Vamos desvendar juntos.

A ciência Newtoniana que praticamos hoje baseada no método científico desenvolvido por René Descartes no século XVII nos propõem que o Universo seja como uma máquina, um reloginho sobre o qual, conhecendo-se cada uma de suas engrenagens pode se conhecer o seu funcionamento como um todo. Indo muito além, afirma que tudo pode ser descrito em termos de funções matemáticas, o que nos permite calcular com precisão o resultado de qualquer fenômeno no Universo. No entanto, o problema por trás do modelo de ciência que o Homem escolheu é que acabou por colocar tudo em caixinhas independentes, apesar de correlacionadas, nas quais cada estudioso se especializa em uma única caixinha, tendo por vezes completo desconhecimento do funcionamento da caixinha que está exatamente ao lado. É como um médico neurologista que é capaz de falar em detalhes como funciona o cérebro, órgão mais complexo do nosso sistema e talvez seja incapaz de reconhecer um ataque cardíaco (estou exagerando um pouquinho).

A ciência acostumou-se a perceber o corpo como simplesmente uma máquina, formada por centenas de máquinas menores – os órgãos, estas por sua vez formadas por bilhões de outras máquinas menores – as células, estas por sua vez formadas por trilhões de outras máquinas menores – os átomos. Mas o médico que consegue consertar um braço quebrado, muitas vezes, tem uma compreensão limitada de como os átomos, até recentemente entendidos como a matéria formadora de todas as coisas, realmente funcionam. E ainda pode-se afirmar, com grande chance de acerto, que um físico conhecedor profundo da “matéria que forma todas as coisas” não seja capaz de estancar a hemorragia de um simples corte no pezinho de sua filhinha.

Nos últimos anos se tornaram muito comuns os vídeos, livros e palestras abordando a ciência do sucesso, o segredo do sucesso, além de fórmulas mágicas para a cura e libertação de todas as enfermidades do corpo e da alma. Há que se ter certo cuidado com essa abordagem, uma vez que o sensacionalismo a cerca destes temas fez surgir uma indústria fértil e lucrativa, por outro lado, quando espantamos a poeira do sensacional e observamos um pouco mais da ciência e da espiritualidade imersas em algumas abordagens, percebemos o imenso potencial existente no duo inseparável corpo-mente.

Quando afirmo duo inseparável, não estou falando de corpo + mente. Na verdade estou falando de uma coisa única: corpo-mente: assim com Einstein, na sua Teoria Geral da Relatividade, percebeu que existe uma outra dimensão que não é nem espaço nem tempo, mas espaço-tempo: um elemento único, mente e corpo são um elemento único.

As novas abordagens da ciência, e destaco aqui a PNL, não veem a separação entre a mente e o corpo, onde começa um e onde termina o outro. É tudo uma coisa só.

A partir dessa nova visão, que não tem nada de novo, já que os orientais sempre trataram mente e corpo como uma unidade, um campo infinito de possibilidades se abre, tanto ao entendimento de fenômenos, antes descritos como milagres, quanto a possibilidade de novas realizações surpreendes em todos os campos da existência.

Podemos afirmar que tudo o que passa dentro dessa entidade a que chamamos de mente se reflete imediatamente em nosso corpo físico, bem como, qualquer coisa que atinja nosso corpo reflete em nosso estado interior. Assim, mudando a mente, mudamos nosso corpo, mudando nosso corpo alteramos nossa mente. Sábio aquele que aprende a usar ambos em equilíbrio e harmonia.

Isso é o que aconteceu com a criança que estava chorando. Ao levantar o olhar para cima, ocorreu uma mudança na fisiologia da criança. Diversos neurotransmissores foram acionados e sua mente estabeleceu um novo foco que a distanciou do problema original que lhe angustiava, interrompendo imediatamente o choro.

Esse mesmo efeito pode ser conscientemente usado no nosso dia-a-dia. Imagine que você esteja num desses dias que você diz para si mesmo: “eu nem devia ter levantado da cama hoje, está dando tudo errado! ”. Permita-se tentar a seguinte experiência: pare por alguns minutos e faça uma tarefa que te obrigue a levantar os olhos, como por exemplo, trocar uma lâmpada ou arrumar uns livros numa prateleira bem alta. Isso provocará uma imediata alteração na sua fisiologia, desencadeando um conjunto de neurotransmissores que irão alterar imediatamente seu estado físico e mental. Quando terminar a tarefa, mesmo que seja curtinha, durando uns três ou quatro minutos, você estará se sentindo outra pessoa. Costumo dizer aos meus clientes na PNL: “acordou num dia ruim, pegue uma vassoura e vá varrer o teto! ”. A simples imagem mental de varrer o teto reflete numa nova postura do corpo, demonstrando que uma alteração de estado já aconteceu.

A unidade corpo-mente funciona de forma recíproca. Será muito difícil encontrar um jogador de vôlei, por exemplo, entrando em estado de depressão e praticando seu esporte diariamente, porque ao concentrar seu olhar para o alto da rede, sua fisiologia favorece os neurotransmissores responsáveis pela sensação de bem estar e de prazer como a serotonina e a dopamina. O bem estar gerado cria dentro da mente a crença de que o esporte lhe faz bem e, assim no dia seguinte, o indivíduo deseja muito voltar ao treino e realimentar o ciclo.

O contrário também é verdadeiro. Se você está num dia desagradável, sentindo-se mal, angustiado e buscar na memória uma lembrança de um momento especial em que estava se sentido muito bem, a mente provoca no corpo a liberação de neurotransmissores que começarão a estimular uma nova fisiologia, ou seja, surge uma vontade de agir, de fazer, de acontecer. É a mente convidando o corpo: “que tal repetir os passos daquele dia tão agradável e fazer com isso aconteça novamente?”.

Quando sua mente alcança esse novo estado é um bom momento para ancorar, fixar esse estado usando, por exemplo, uma música ou um movimento, ou auto toque, como por exemplo fechar os punhos e gritar (internamente ou mesmo em voz alta) “uhuhuh: vamos lá!”.

As âncoras são um excelente exemplo do como mente e corpo trabalham em unidade. Ouça uma música especial, como aquela que tocou na sua formatura, no seu casamento ou na sua primeira eucaristia, imediatamente você sente em seu corpo o mesmo arrepio, a mesma força, o mesmo entusiasmo e a vontade de realizar algo surge, o estado interior se modifica, a fisiologia se modifica.

É impossível terminar uma caminhada por um parque e se sentir deprimido logo em seguida. É impossível dançar a noite toda e chegar em casa de mau humor. É impossível cantar uma música ou tocar um instrumento e pensar em desgraça ao mesmo tempo, pelo contrário, quando pensamentos negativos rodeiam nossa mente, é então, o momento ideal para dar uma virada e fazer algo que estimule novos estados interiores.

Isso explica o sucesso das novas terapias baseadas no aumento da consciência corporal, como a dança circular, a musicoterapia, a arteterapia, a transpessoal e a própria PNL, que ao contrário do que pode parecer, quando falamos em linguística, estamos falando de todas as formas de comunicação entre corpo e mente, sendo a língua falada apenas uma pequena fração desse processo.

Comece a observar em sua rotina diária quais são os momentos que você se sente bem ou se sente mal. Preste atenção em que tipo de atividade você está fazendo quando se sente em estado de poder, alegre, vibrante, e que tipo de tarefas te deixam para baixo, desanimado e sem forças. A seguir faça a seguinte experiência, considerando claro as limitações das suas tarefas: escolha uma música que te deixe em estado de graça, e quando for fazer aquela tarefa enfadonha, ponha essa música para tocar e comece a criar uma associação entre essa música empolgante e a tarefa chata. Deixe sua mente acreditar que o presente por realizar o trabalho chato é poder ouvir sua música preferida e perceba como esse trabalho começará, aos poucos, a se tornar menos enfadonho. Se você atua num ambiente onde não seja possível colocar sua música preferida, tente colocar uma foto da sua formatura ou de alguém que você ama ou até mesmo do seu bichinho de estimação e ancore as boas sensações nessa imagem, assim, quando o trabalho começar a sugar suas energias, basta um rápido desvio do olhar para captar essa imagem e imediatamente se associar a um estado de espírito mais poderoso e feliz.

Deixo aqui minha reflexão da semana:

Sabendo que tudo que está ao nosso redor influencia nossa mente para estados de poder ou de desânimo, o quanto de sua atitude para com as pessoas que estão ao seu lado faz elas se sentirem poderosas ou fracas? Será que você é uma âncora para bons estados interiores em relação aos que te cercam?

Lembrem-se que mesmo o óleo mais escuro, quando acesso na lamparina, é capaz de gerar luz para todo o ambiente.

Abraço no coração.

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