Terapia Transpessoal

O que chamamos de Psicologia Transpessoal é uma abordagem que vem sendo desenvolvida no campo da psicologia que procura estudar o indivíduo como um todo, como um sistema que agrega não somente seus aspectos mentais, comportamentais e emocionais, patológicos ou não, mas também seus aspectos transcendentes, sua busca pelo que está além do ser humano, que em última instância podemos chamar de espiritual.Os primeiros sinais do aparecimento dessa nova abordagem já podem ser encontrados nos trabalhos de Jung nos quais são estudados o funcionamento do inconsciente e o conceito de inconsciente coletivo, bem como, a ideia de arquétipos que regem o ser humano.

No final do século XIX, Willian James iniciou um grande questionamento sobre a arbitrariedade da ciência, declarando: “e se essas distinções sobre o que é normal ou patológico não passarem de afirmações arbitrárias condicionadas culturalmente?“. Pensando nisso, foram muitos os pesquisadores que contribuíram para o surgimento da abordagem transpessoal, valendo citar: Victor Frankl, Anthony Sutich, Stanislav Grof, James Fadiman e Abraham Maslow. Este último, em 1967, apresentou publicamente a abordagem Transpessoal como sendo a “Quarta Força” em psicologia. Maslow falava sobre a importância de pesquisar as meta-necessidades do indivíduo, ou seja, seus valores últimos.

A abordagem Transpessoal não simplesmente atenta para a dualidade consciente X inconsciente, fortemente explorada por Jung, entre outros, mas traz uma valorização da cartografia da consciência como um todo. Baseando-se nas pesquisas de Ken Wilber, reconhece que há uma diferença entre estado de consciência e nível de consciência, propondo que o ser passa por três fases diferentes de evolução: o EU (egocêntrico), EU-E-O-MUNDO (etnocêntrico) e por último o estágio EU-MUNDO (mundicêntrico), no qual o indivíduo começa a se reconhecer como parte de uma unidade, como ser transcendente ou transpessoal.

A Transpessoal divide seu processo terapêutico em dois pilares de sustentação:

Eixo horizontal ou experiencial: no qual se localizam as questões particulares do indivíduo como suas relações familiares, profissionais, amorosas e onde se experiencia a escuta do sofrimento que a pessoa traz de sua história de vida.

Eixo evolutivo: o esvaziamento de todos os ‘EUS’ vivenciados que afastam o indivíduo do seu EU mais profundo, seu aspecto criador, transpessoal, chamado de EU SOU.

A Psicologia Transpessoal foi introduzida no Brasil por Pierre Weill no final dos anos 1970.

Na prática, a terapia transpessoal tem recebido contribuições de diversas áreas do conhecimento, tais como, a Psicologia Humanista, a Filosofia, a Fenomenologia, a Ecologia, as Neurociências, a Bioquímica, a Biologia Molecular e a Física Quântica, e também recebe contribuições de tradições, ora não consideradas ciência, como a Yoga, a Meditação e até algumas práticas de ordem espiritualistas, armando-se de um grande arsenal de ferramentas que permitem acessar diferentes camadas da consciência auxiliando o indivíduo a encontrar dentro de si as respostas para seus conflitos e para a sua auto realização.