Um barco estava navegando em águas distantes da costa. Nele haviam umas vinte pessoas, entre amigos, parentes, irmãos, primos…

Uma tempestade tomou-lhe de surpresa e o barco naufragou. Não houveram mortos, pois todos conseguiram se agarrar aos destroços e chegaram nadando em uma pequena ilha.

Nesta ilha encontraram água, muita vegetação, coqueiros e, lá se abrigaram enquanto esperavam que o resgate os encontrassem.

Passaram meses e ninguém veio. Não tinham como se comunicar com o resto do mundo: estavam completamente isolados. Mal sabiam onde estavam, pois a tempestade havia tirado eles totalmente da rota planejada.

Acabaram se rendendo a ideia de que teriam que viver, talvez, o resto de suas vidas perdidos nessa pequena ilha. Não lhes faltava comida e água. Talvez remédios, cobertores ou roupas adequadas. Porém, foram se adaptando.

Criaram suas próprias regras de convivência. Construíram cabanas, aprenderam a caçar e pescar e cultivar algumas plantas. Não se pode dizer que estavam felizes, mas estavam seguros!

Certo dia, quando já estavam completando alguns anos ali perdidos, um dos garotos começou a contemplar a ideia de construir uma jangada: “uma jangada pequenina que eu fosse capaz de remar” – pensava ele. E se pôs a fazê-la.

Todos os dias recolhia galhos, troncos e cipós e sua jangada começava a tomar forma. No princípio, seus pais pensaram que seria apenas um sonho passageiro: “logo ele vai se dar conta que é muito perigoso!” – diziam. Porém, ele insistia em seu projeto.

Quando a jangada estava quase pronta – e ele a fez sozinho! porque ninguém acreditava que era possível construí-la quiçá cruzar o oceano com um barquinho aparentemente tão frágil – ele anunciou que estava decidido a enfrentar o mar e deixar a ilha.

Foram muitas as palavras de desanimo: “É perigoso!“, “Você vai morrer“, “Você vai se perder e se afogar“, mas a mais cruel de todas dizia: “Você vai nos abandonar!“.

Ele se incomodava muito com esses conselhos e, por muitas vezes, pensou em desistir! Ninguém o apoiava e, sua busca por sair daquela ilha era completamente solitária!

Enfim, o barco ficou pronto e ele o colocou na água. Escolheu um momento que todos estavam distraídos, cuidando de seus afazeres. A medida que a jangada se afastava da ilha e a corrente a puxava para longe da terra firme, sentiu medo! muito medo! No entanto, sentiu também orgulho de ter feito sua jangada! “Posso até morrer no mar, mas ficar preso a essa ilha, é uma morte muito pior” – pensava ele enquanto remava.

Os dias se passaram e seu estoque de água doce acabou, sua comida acabou e pescar em alto mar era muito difícil para ele. O sol era escaldante e, por um instante ele chegou mesmo a se preparar para a morte: “já deixei todos para trás, está chegando a hora de eu me deixar também!“.

Uma virada de tempo apontava no horizonte. Já não era boa sua situação e nada como uma tempestade para terminar os seus dias de sofrimento. A chuva caiu gelada. As ondas jogavam a jangada de um lado para outro, mas no meio da tempestade ele percebeu que havia água doce caindo do céu e, pode aplacar sua sede!

Resistiu e, quando a tempestade passou avistou uma embarcação no horizonte. Gritou, abanou, fez de tudo o que podia para ser visto e deu certo!! Os marinheiros o recolheram, lhe deram banho e roupas limpas, comida, água, remédios. Levaram ele para a costa e, de lá, ele conseguiu apoio para retornar a ilha e salvar suas amigos e familiares que lá haviam ficado.

A loucura que quase lhe custou a vida, permitiu resgatar aqueles que já não sabiam mais o que era viver. A loucura de se arriscar lhe libertou da ilha, venceu os maus comentários, o desânimo e o medo. A loucura de fazer o que ninguém teve coragem de fazer antes, não somente o salvou, mas salvou a todos.

Para refletir:

Você já está construindo sua jangada ?

Um abraço no coração.

Namastê.