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Reflexão sobre o Corona Vírus

Posted by Cláudio Araújo

Estamos vivendo um momento muito especial da história da humanidade. Não que nós humanos nunca tenhamos passado por algo semelhante, pelo contrário, é só procurar nos livros de história que você vai encontrar a peste bubônica, a varíola, a gripe espanhola, a fome, as guerras, os genocídios, enfim, em muitos momentos da história, a humanidade enfrentou o risco de morte, de violência e de agressão, colecionando verdadeiras histórias de terror e desespero.
Mas será que o momento é de desespero?
Eu fico pensando como nós humanos somatizamos esse vírus que está torturando a nossa alma nesse momento de desafio.
Por milhares de anos nos fomos acostumados a invadir o espaço do outro.
Sim.
Nós aprendemos a invadir o espaço que não nos pertence! É comum as pessoas dizerem “oh você precisa tomar o seu lugar no mundo”, mas então as pessoas escutam algo assim: “ok eu preciso tomar o lugar dos outros no mundo!!!” Então, começamos sistematicamente a invadir o espaço do outro.
Quem nunca sentiu que seu espaço físico, emocional, ideológico ou espiritual foi invadido por outrem?
Mas também, quem de nós, também não invadiu o espaço físico, emocional, ideológico e espiritual do outro?
Eu já fiz e tenho feito isso sistematicamente. Bem como, já tive e tenho meu espaço tomado sistematicamente, porque isso se tornou normal!
Passamos séculos, milênios, aeons desejando o que não é nosso, tirando as pessoas de seus lugares, invadindo territórios alheios, conquistando , pilhando, destruindo!
Fizemos isso com as matas, com os oceanos, com as tribos indígenas, com as mulheres, com as crianças, com os idosos, com a África, com as Américas, (e ainda queremos ir para Marte!!!)
De tão gravado em nosso DNA esse comportamento invasivo e desrespeitoso, aprendemos a não pedir licença para falar, aprendemos a impor nossa opinião e nossas verdades, numa luta em que vence não o mais verdadeiro, mas aquele que tem mais força, seja ela física, intelectual ou econômica.
A minha verdade é mais verdadeira do que a verdade do meu irmão! Isso vale para pessoas, casais, pais e filhos, empresas, nações….
Aprendemos a não respeitar, quanto menos aceitar que o outro tem direito a pensar diferente, a chamar Deus por um outro nome, a cantar num outro ritmo, a comer uma comida que não comemos, a casar-se de um jeito que não casamos, e então, o outro está errado, porque somente o meu espaço interessa, somente a minha verdade interessa.
Então, qual é a grande mensagem que esse vírus vem trazer para nós humanos? Qual é a grande metáfora a ser compreendida dessa página da história humana?
Primeiro, não tome por verdade o que eu vou falar, pois é só mais uma opinião, mas, sem querer invadir o seu espaço de verdade, eu, e somente eu penso: ao sermos limitados de tocar, de abraçar, de estar perto do outro, estamos sendo treinados a respeitar o ESPAÇO do outro!
Estamos aprendendo o que anos de guerras, pestes e conflitos falharam em nos ensinar: o maior perigo para a vida humana é o próprio ser humano. Será que vamos aprender dessa vez?
Não acho que tenhamos que preocupar com tanto assim com o vírus, pois ele não é o maior perigo: é o homem que representa seu maior perigo. É o próprio homem que vem se contaminando e contaminando o planeta, e por tabela, toda a Criação.
É o homem que vem se destruindo pelo profundo desrespeito ao outro.
Porém, se o homem tem se tornado seu maior inimigo, também é o Homem o único que pode reverter esse processo.
Não o homem comum que vemos andando pelas ruas, mas o Homem, filho de Deus, criado a sua Imagem e Semelhança.
Aquele a quem Deus confiou ser o topo Criação, e chamou de “Meu Filhos” e que tendo recebido o livre arbítrio, tão mal o usou, que chegamos ao ponto que estamos hoje: um ser tão microscópico que somente os aparelhos mais sofisticados e caros do planeta podem enxergá-lo tem a capacidade de frear o livre arbítrio mal usado pelo homem desde de o início dos tempos.
Não é uma punição. Não é decididamente!
É uma consequência. Só isso. Colhemos o fruto de nossa semeadura e teremos que beber deste amargo gosto de fel. Mas será apenas um remédio amargo.
Alguns serão levados para o outro plano, onde receberão algum entendimento para recomeçarem no momento mais oportuno, outros aproveitarão da oportunidade para deixar a Terra e voltar definitivamente para a nossa verdadeira casa.
Mas os que ficam, ah, esses que ficam…
Como será nossas atitudes daqui em diante?
Continuaremos a invadir o espaço dos outros, a não pedir licença para entrar?
Ou será que aprenderemos a ouvir a opinião alheia e dizer: “hmmm você tem um jeito diferente pensar!” e sem julgamentos poder dizer “que belo sermos diferentes”.
Imagine o arco-íris se não tivesse sete cores?
Imagine nosso planeta agora sem todas as raças, sem toda a diversidade cultural, religiosa e política?
Como poderíamos realmente crescer e evoluir se todos tivessem a mesma crença, a mesma opinião? que tipo de ditadura estaríamos vivendo?
As diferenças são uma bênção da natureza para nos propiciar o crescimento, a tolerância, a compaixão, todos, frutos do Amor Incondicional.
Vamos sim ficar algumas semanas ou talvez meses sem um abraço, sem um aperto de mão. E teremos nesse tempo a grande oportunidade de perceber o quanto o outro é valioso, importante e rico em sua diversidade.
Também fala-se muito na depressão e nas crises de ansiedade que as pessoas poderão desenvolver nesses períodos de isolamento.
Tomemos cuidado com isso. A língua é como uma flecha que lançada não pode mais ser impedida. Porém, a mesma flecha que mata também traz o alimento para a aldeia.
Ainda que não possamos tocar, não faltará a oportunidade de dizer ao outro: “Eu te amo e te aceito exatamente como você é” e, não acredite em mim, faça o teste!!! Olhe para as pessoas que você não pode mais tocar e diga eu “eu te amo” e “eu te aceito”, e se for oportuno, aproveita e diz um “sinto muito” e “me perdoe”. Não pode haver num mesmo espaço a depressão e o amor.
A depressão começa pela ausência de nós mesmos, então, ao reconhecer que dentro do outro existe um “alguém” amável, aceitável, desejável, querido, rico, lindo, especial, você estará ajudando o outro a se encontrar dentro de si, e por espelhamento, você próprio estará se encontrando.

Paz.

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