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O menino que venceu o rio

Posted by Cláudio Araújo

Ouvi certa vez a história de um menino índio.
Uma história já acontecida a muito tempo, muito tempo, muito tempo.
E tanto tempo passou que essa história tornou-se lenda, e sendo lenda, ontem mesmo aconteceu e amanhã continua acontecendo.
Como não há tempo na imaginação, ainda que te conte essa história hoje, ontem ela não terminou e amanhã ainda não começou.
E sendo do tempo, um presente,
Acontece ainda agora dentro da gente.

A história de um menino índio, um kurumim chamado Itayawara, ou Onça de Pedra.
Chamavam por esse nome, porque Itayawara, não conseguia nadar,
Se caia no rio, seu destino era afundar.

Porém, o menino índio, era bom em outras coisas:
Atirava lanças muito bem, dançava e cantava como ninguém.
E no arco e flecha sua pontaria, superava os melhores guerreiros!
Ora, quem diria!!!

Itayawara tinha uma irmãzinha,
Uma pequena indiazinha
Que certa vez caiu doente.
Ninguém sabe explicar, mas era um mal muito potente.

O pajé tentou de todos os remédios e nada podia curá-la.
Na tribo as esperanças se acabavam e já discutiam onde iam sepultá-la.
O Pajé tomou de sua poção mágica e foi conversar com os ancestrais,
Pedindo por misericórdia algum remedinho a mais.
Foi então revelado que no alto da montanha havia sim uma flor,
Que era o remédio certo que irá curar essa dor.
Porém, para que o remédio funcionasse,
Devia ser colhido pela mão
De que quem muito amasse
A menina em sofreguidão.
Muitos se ofereceram para tal missão,
Mas o pajé entendeu que quem devia ir colher a flor era o irmão.

Itayawara preparou-se com suas armas, flecha, lança e um bornel com alimento
E se pôs a caminhar, rumo a seu intento.
Dois dias, um para ir outro para voltar,
E nenhum minuto a perder: sua irmã estava a piorar.
A jornada era muito perigosa,
Mas o menino precisava enfrentar.

Caminhou rápido pela floresta, subindo e descendo morros,
Desviando de cobras e de onças, de espinhos e besouros.
Já avistava a montanha, onde estava a bela flor,
Mas antes de começar a subir, tinha que atravessar um rio desafiador:
Águas fortes e correntes, pedras, poços e jacaré
O menino não nadava direito, e no rio fundo não dava pé.

Sentou-se a margem e teve certeza de que tudo estava perdido!
Era incapaz de pegar a flor, pois o rio o tinha vencido.
Chorou como um bebê. Sentiu-se pequeno, fraco, pobre, triste.
Não havia como atravessar,
Pois, Onça de Pedra, nesse rio iria afundar.

Aceitou por um momento seu fracasso, fechou os olhos e lamentou.
Até que caiu no sono e em sonho ele se lembrou:
Seu pai sempre dizia, não importa o que não pode fazer,
Mas tudo o que já tem feito,
Pois seu valor não está fora,
Está dentro do peito.

Acordou subitamente,
Com uma ideia na cabeça e um propósito na mente:
Vou subir a montanha e buscar essa flor,
Salvarei minha pequena irmã,
Pois ela é meu maior valor.
Posso não saber nadar,
Mas sei lançar flechas como ninguém:
Uma corda numa flecha vou atirar
E por cima do rio passarei.

Pegou seu arco e uma flecha bem-feita,
Atou-lhe uma corda na ponta
E fez mira em uma árvore do outro lado do rio.
Concentrou, mirou e atirou.
Certeiro com a flecha, sua árvore atingiu.

Amarrou a ponta da corda do lado de cá,
E pendurou-se nela com coragem e confiança,
Passou por cima do rio a seco
E sua angústia ficou só na lembrança.

Subiu a montanha e encontrou a flor.
Levou para a aldeia o remédio
E provou o seu valor.
Aprendeu neste dia uma grande lição:
Que nada na floresta pode impedir
De um pequeno menino índio,
O seu caminho seguir.

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