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Como se tornar um bom ouvinte

Posted by Cláudio Araújo

Série Para Terapeutas

O ato de ouvir os outros tem sido sistematicamente confundido com o ato de escutar. O ouvinte costuma pensar que pelo simples fato das palavras chegarem aos ouvidos, ele já está ouvindo o que está sendo dito. Mas fica a pergunta: simplesmente escutar garante a qualidade da comunicação?

Ouvir é um fenômeno fisiológico que você começou a desenvolver desde o momento em que nasceu. No entanto, quando aprendeu a falar descobriu a incrível habilidade de interromper o outro para chamar sua atenção. Quando essa habilidade não é controlada de forma devida, você corre o risco de se tornar uma pessoa autoritária, invasiva e até sem respeito pelos outros.

Outro fator importante a considerar é a questão da opinião: o ato de ouvir o outro te expõem a ideias que por vezes são diferentes das suas próprias ideias e isso pode gerar em você um profundo desconforto. Por isso é preciso exercitar o “ouvir sem julgar”.

Existe muitas situações diferentes em que o ato de ouvir está envolvido. Por exemplo: ouvir música, ouvir o rádio ou o noticiário ou a novela, ouvir o que o outro está falando, ouvir o professor, o chefe o médico, ouvir o sermão, ouvir o paciente. A lista é realmente gigantesca. No entanto, existe um ponto comum a todos esses atos de ouvir: esse ponto é a atenção.

Ouvir de forma atenta significa procurar ativamente as palavras que estão sendo ditas e recebê-las efetivamente.

Ao procurar as palavras em um discurso cria-se uma unidade entre você e o falante.

Mas que palavras exatamente você deve procurar? Isso é claro que varia com o tipo de interesse que se tem pelo assunto que lhe está sendo trazido.

Para fazer uma comparação, imagine três pessoas ouvindo uma música: a primeira delas diz: que letra linda, a segunda pode dizer: essa canção é maravilhosa, enquanto a última poderá dizer: essa batida me dá vontade de dançar. Então, temos uma pessoa procurando as palavras, a outra procurando a melodia e ainda outra procurando o ritmo.

Agora vamos colocar essas três pessoas para conversar sobre a música que acabaram de ouvir e você verá que uma não entende do que a outra está falando, pois cada uma está focada em aspectos diferentes.

O segredo para se tornar um bom ouvinte é procurar encontrar no discurso do outro os elementos que compõem o mapa de mundo dele, invés de tentar encontrar seus próprios elementos.

Tem um ditado que diz que nós gostamos mais daqueles que são iguais a gente. Isso parece um pouco óbvio, mas quem passa cem por cento do tempo se relacionando com pessoas exatamente iguais a si próprio? Pelo contrário, até mesmo aquelas pessoas mais próximas podem ser bem diferentes de você e têm o seu próprio mapa de mundo, estabelecendo conceitos sobre a vida completamente distintos dos seus.

A busca pelas palavras no discurso do outro é uma forma eficiente de torná-lo compreensível a nós mesmos. Mas quando não se sabe que palavras procurar é preciso escavar, garimpar as palavras, e isso se faz através do diálogo e nunca através do conflito.

Uma forma de se iniciar no processo de desenvolver as habilidades do bom ouvido é começar buscando as estruturas do discurso, isso é reconhecer os padrões que são mais usados por aquele falante em especial, depois passar a expandir os padrões para acessar mais informações sobre o mapa de mundo do outro e, por fim, atingir um estado de completa empatia, no qual você se torno capaz de entender o outro e até compartilhar suas ideias sem que para isso precise usar de uma artilharia de convencimento.

Aliás, tocando nesse assunto, uma das grandes barreiras para a comunicação está justamente em se colocar numa postura de “estar certo”. A partir dessa postura você entra em um processo de argumentar palavra atrás de palavra, a artilharia de convencimento, usando os melhores argumentos, sempre tentando deixar uma lição, um corte, uma moral, sem perceber que o outro também tem algo a ser dito e muito menos perceber que talvez o outro esteja mais correto que você.

Então, voltando a falar sobre mapa de mundo, o outro está sempre certo! Desculpa ai! No mundo dele as coisas funcionam exatamente como ele projeta e, até seus resultados mais falhos são projeção desse mundo e não você não deve questionar essa projeção usando os argumentos do seu mundo.

Isso é mais ou menos o que acontece em bula de remédio: o fabricante tenta explicar para que o remédio serve usando a linguagem de quem faz a receita e não de quem faz o uso.

Quando você permite ouvir o que as pessoas têm a dizer e se dá a flexibilidade de mergulhar na linguagem do outro é que verdadeiramente estará se comunicando, pois quando chegar a sua vez de falar, falará no idioma que o outro entende. E o outro só falará bem de você!

Isso é se tornar um bom ouvinte.

Namastê!

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