EFT, Metáforas, Para Terapeutas, PNL

O ouvido além do ouvido

Posted by Cláudio Araújo

Série Para Terapeutas

Entre as centenas de aspectos que diferenciam os seres humanos dos animais, de longe podemos dizer que a comunicação verbal é uma das mais importantes, pois, apesar da maioria dos animais serem capazes de fazer vocalizações e, algumas com significados bem específicos, nós humanos ocupamos o degrau mais elevado quando falamos da imensa quantidade de signos que podem ser transmitidos de um para outro através dessa nossa vocalização a que chamamos de fala.

Ao observarmos a história da humanidade, facilmente percebemos, que o desenvolvimento da linguagem falada criou um grande marco que separou o homem moderno do homem mais primitivo, somente sendo superado pela invenção da escrita, que em última instância, não passa de um método de conservação da própria fala.

A comunicação através da linguagem permitiu que conhecimentos pudessem ser sistematicamente passados de geração em geração, distanciando cada vez mais o homem moderno de seus parentes mais primitivos e o diferenciando inequivocamente de todos os outros seres.

História a parte, você sabe dizer até onde vai realmente a importância da linguagem?

Observe que a linguagem é um método extremamente eficiente para transferir não somente uma descrição objetiva do mundo ao seu redor, mas também para comunicar toda a subjetividade de sentimentos, ideias abstratas, sonhos, anseios, angústias, fascínio, contemplação, crenças…

Mas o que é ouvir?

Para a maioria de nós o ato de ouvir está limitado a permitir de forma absolutamente passiva que nossas orelhas captem os sons emitidos por aquele nos fala, enquanto aguardamos (as vezes nem tão educadamente) a nossa própria vez de falar, se é que não o interrompemos.

Eu mesmo já me peguei, até mesmo dentro de sessões de atendimento interrompendo o cliente antes que ele terminasse seu discurso, pois vem à mente algo que me parece tão importante, aliás, tão mais importante, que precisa ser dito e, ser dito imediatamente.

O incrível que poucos se dão conta é que, ao interrompermos o falante, além de perder a conclusão de seu pensamento, ainda nos fazemos menos ouvidos, pois o ato de ouvir, para ser eficiente, precisa passar pelo crivo do equilíbrio entre a palavra que vai e a palavra que vem.

Por isso, posso afirmar, sem medo de cair em desacordo que, o bom ouvir é um comportamento ativo e consciente: ele exige uma presença plena, muito mais que a simples atenção às palavras.

Imagine um caçador: ele junta algumas características importantes como paciência, atenção focada, percepção do ambiente, e sabe qual é a caça que está procurando, reconhecendo todos os seus sinais ao seu redor. Ele caminha pela mata sem ser percebido e somente dispara sua flecha quando está seguro de que irá atingir seu alvo.

Agora pegue essas habilidades do caçador e as aplique ao bom ouvinte!

Seja paciente e atencioso. Escute não somente com as orelhas, mas também com os olhos, com a respiração e com o coração. Saiba que informação você deseja encontrar nas palavras e reconheça os sinais, todos os sinais, não somente os sonoros. Também passe despercebido, sem interrupções, interjeições ou expressões de julgamento e, quando for disparar a flecha da palavra, tenha certeza que estará enriquecendo o discurso e não simplesmente o contrariando.

Lembre-se que assim como a caça torna-se alimento para o caçador, também a palavra do falante deve se tornar alimento para seu conhecimento, para seu entendimento ou cura para o falante.

Assim como na caça reside os nutrientes para fortalecer o corpo do caçador, nas palavras do falante reside os nutrientes para fortalecer o processo pelo qual a conversa teve sua razão de ser, de outra forma, a caça se tornaria um exporte de mal gosto e a conversa um chato monólogo, se não uma desagradável discussão.

Ouvir é um ato de amor, devendo ser praticado antes com o coração e em última instância com as orelhas, pois as orelhas não fazem mais que o microfone do seu celular pode fazer: captam sons. No entanto, é na alma que os sons se transformam música, em cura, em entendimento e, a alma, só é acessível através do coração.

Para se tornar um bom ouvinte, segue aqui meu primeiro conselho: as palavras vêm do universo do falante e têm um significado importante para ele, portanto, para ouvir bem, é preciso abandonar seu próprio universo e permitir-se mergulhar no universo dele, onde está o verdadeiro significado do que está sendo dito.

Só assim se completa o verdadeiro ciclo da comunicação transpessoal: onde palavra e ouvido, boca e orelha se tornam uma coisa só. Neste momento, não é mais boca ou orelha, mas coração comunicando a outro coração.

Namastê

Related Post

Leave A Comment